Pastor Samuel Gonçalves. |
Para nós, evangélicos, a Reforma Protestante do século XVI foi o maior movimento dentro da igreja cristã depois do que se iniciou no dia de Pentecostes. O que Martinho Lutero e os outros reformadores queriam era uma volta ao cristianismo bíblico, um retorno às Escrituras. Quem conhece um pouco da história da Igreja sabe que foi preciso muita coragem daqueles homens para chamar o povo à razão. Vários deles pagaram com suas próprias vidas.
Fazia-se necessário uma ‘purificação’ da doutrina. A Igreja controlada por Roma – o Vaticano ainda não existia – estava dominada por uma série de heresias, que incluíam a venda de relíquias que tinham algum tipo de “poder mágico”. Também eram oferecidas as chamadas indulgências, que teriam a capacidade de tirar uma alma do purgatório mediando seu pagamento.
Usados por Deus, diferentes homens clamaram que fossem tirados aquelas doutrinas e práticas que não possuíam um respaldo nas Escrituras. Muita coisa mudou desde então, embora ainda permanecem o culto às imagens e a crença que a salvação é pelas obras. O movimento protestante cresceu, se fortaleceu e se fragmentou. Na América Latina o termo “evangélico” é bem mais comum que protestante, mas ambos são consequência das teses pregadas por Lutero há quase 500 anos na porta de uma igreja na Alemanha.
Quando olhamos para a maior parte das igrejas brasileiras chegamos a conclusão que algo está errado. Durante muito tempo ouvimos falar de práticas de comércio que se assemelhavam ao que era feito na idade média. Usando o nome de ‘ungido’ uma série de produtos passaram a ser anunciados como verdadeiros fazedores de milagres. A prática foi se espalhando e quando ligamos a TV, por exemplo, temos a impressão que os programas que deveriam ser evangelísticos se transformaram em verdadeiros canais de vendas.
Obviamente que a generalização é ruim, mas entendo que hoje isso é mais regra do que exceção. Acredito que se Lutero pudesse vir ao Brasil em nossos dias ficaria horrorizado. Mas não é apenas o comércio que assunta. Muitas das verdades essenciais da fé bíblica já não são pregadas dos púlpitos. O culto, e isso inclui nossos cânticos, são focados no homem e não em Deus.
A verdade é que a igreja protestante não protesta mais contra o pecado e os erros doutrinários. Aceitamos passivamente que o centro da mensagem tenha deixado de ser a cruz para ser algum tipo de prosperidade material. Enquanto nos preocupamos com o poder econômico, deixamos de lado a busca pelo poder prometido por Jesus, o que vem do espírito!
É bem verdade que a igreja evangélica continua crescendo, mas isso não significa que ela cresce na direção certa. Uma árvore grande sem raízes fortes pode tombar em meio a uma forte tempestade.
Peço um momento de reflexão. Ainda que talvez a sua igreja não viva essa realidade, não se pode negar que ela existe e é prevalente em nosso meio. Mesmo que não haja a venda de produtos mágicos (ungidos), se a cruz não está no centro, então deixou de ser o evangelho de Jesus. Passou a ser um discurso humano, que promete coisas boas, mas que é incapaz de transformar vidas. Mas não é o caminho que o mestre indicou aos seus discípulos.
O texto de João 8, versículo 32 é bem conhecido. “Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.” Contudo, quando Cristo disse essas palavras estabeleceu uma condição. “Se permanecerdes na minha Palavra, verdadeiramente sereis meus discípulos” (versículo 31). Conhecer a verdade é uma consequência de quem permanece na Palavra.
A igreja precisa de uma Reforma? Sim, e urgente! Entretanto, não é uma nova reforma como movimento institucional. Creio que em nossa realidade isso não seria possível. Proponho uma reforma de pensamento. Isso começa em cada um de nós a partir da revelação bíblica.
Precisamos voltar ao cristianismo bíblico, retornar às Escrituras. Chega desse evangelho do “caminho largo”! Chega desse comércio. Vamos ecoar as palavras de Jesus em João 2:16: “Tirem estas coisas daqui! Parem de fazer da casa de meu Pai um mercado!” (NVI). Reforma já!
Fonte: GospelPrime
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